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A poesia busca o diálogo com o outro: "A poesia se tornade alguém - ainda - perceptor, voltado para o que aparece, inquiridor e engajador do que aparece; ela se torna diálogo - frequentemente ela é um diálogo desesperado"*. A poesia é um acontecimento dialógico. A comunicação atual é extremamente nascissista. Ela ocorre inteiramente sem o tu, sem nenhum clamor pelo outro. Na poesia, em contrapartida, eu e tu se produzem reciprocamente: "Só no espaço desse diálogo se constitui o abordado, reunindo-se em torno do eu que o nomeia e o aborda. Mas, nesse presente, o abordado e que, por meio da nomeação, por assim dizer, devém tu, traz consigo também o seu ser-outro."*
- Byung-Chul Han em A expulsão do outro
* Paul Celan em O meridiano
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