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Eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você

- Gal Costa
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TO A CERTAIN CIVILIAN

Did you ask dulcet rhymes from me?
Did you seek the civilian's peaceful and languising rhymes?
Did you find what I sang erewhile so hard to follow?
Why I was not singing erewhile for you to follow, to understand - nor am I now;
(I have been born of the same as the war was born,
The drum-corps' rattle is ever to me sweet music, I love well the martial dirge,
With slow wail and convulsive throb leading the officer's funeral;)
What to such as you anyhow such a poet as I? therefore leave my works,
And go lull yourself with what you can understand, and with piano-tunes,
For I lull nobody, and you will never understand me.

- Walt Whitman
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Trechos de Segunda Parte - A natureza e a origem da mente
do livro Ética de Spinoza (tradução Tomaz Tadeu)

A mente e o corpo são um único e mesmo indivíduo.

Quanto mais um corpo é capaz, em comparação com outros, de agir simultaneamente sobre um número maior de coisas, ou padecer simultaneamente de um número maior de coisas, tanto mais sua mente é capaz, em comparação com outras, de perceber, simultaneamente, um número maior de coisas.

Se o corpo humano é afetado de uma maneira que envolve a natureza de algum corpo exterior, a mente humana considerará esse corpo exterior como existente em ato ou como algo que lhe está presente, até que o corpo seja afetado de um afeto que exclua a existência ou a presença deste corpo.

A mente poderá considerar como presentes, ainda que não existam nem estejam presentes, aqueles corpos exteriores pelos quais o corpo humano foi uma vez afetado.

Vemos, assim, que pode ocorrer que, muitas vezes, consideremos como presentes coisas que não existem.

O corpo humano existe tal como o sentimos.

Chamaremos de imagens das coisas as afecções do corpo humano, cujas ideias nos representam os corpos exteriores como estando presentes, embora elas não restituam as figuras das coisas. E quando a mente considera os corpos dessa maneira, diremos que ela os imagina.

As imaginações da mente, consideradas em si mesmas, não contêm nenhum erro; ou seja, a mente não erra por imaginar, mas apenas enquanto é considerada como privada da ideia que exclui a existência das coisas que ela imagina como lhe estando presentes. Pois, se a mente, quando imagina coisas inexistentes como se lhe estivessem presentes, soubesse, ao mesmo tempo, que essas coisas realmente não existem, ela certamente atribuiria essa potência de imaginar não a um defeito de sua natureza, mas a uma virtude, sobretudo se essa faculdade de imaginar dependesse exclusivamente de sua natureza, isto é, se ela fosse livre.

Quando alguém sabe algo, sabe, por isso mesmo, que o sabe, e sabe, ao mesmo tempo, que sabe o que sabe, e assim até o infinito.
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Crisálida

Fez um casulo de meu comprimido -
que não era aspirina, sequer a lembrava.
Porém, já o tomei. Ainda não sinto nada.

- AR
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Everything I considered my home is gone.
Every time I begin to feel I belong somewhere, I have to leave.
I'm trapped between what I want and what I know I can't have.

- Sense8, S02E07
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Eu hoje
Lendo Spinoza

Winslow Homer, Girl in a Hammock, 1873

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I know I love you
because I hate you

- Madonna
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NIETZSCHE

Amor fati implica aceitar o que nos foi dado e tirado. Todos os acontecimentos se inserem numa ordem casual da natureza, assim como cada um de nós. Portanto, só podemos concluir que nada poderia ter acontecido de outra forma, nada poderia ter sido diferente, de nada adianta nos lamentarmos. É preciso afirmar até mesmo o erro, afinal de contas, ele não é um erro! Ele era absolutamente necessário naquele momento e só pode ser interpretado como um erro se tomarmos formas superiores e transcendentes para nos guiar. 

(daqui)
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Trechos do Apêndice de Primeira Parte - Deus
do livro Ética de Spinoza (Tradução Tomaz Tadeu)

Ora, todos os preconceitos que aqui me proponho a expor dependem de um único, a saber, que os homens pressupõem, em geral, que todas as coisas naturais agem, tal como eles próprios, em função de um fim, chegando até mesmo a dar como assentado que o próprio Deus dirige todas as coisas tendo em vista algum fim preciso, pois dizem que Deus fez todas as coisas em função do homem, e fez o homem, por sua vez, para que este lhe prestasse culto. É esse preconceito, portanto, que, antes de mais nada, considerarei, procurando saber, em primeiro lugar, por que a maioria dos homens se conforma a esse preconceito e por que estão todos assim tão naturalmente propensos a abraçá-lo. Mostrarei, depois, sua falsidade e, finalmente, como dele se originaram os preconceitos sobre o bem e o mal, o mérito e o pecado, o louvor e a desaprovação, a ordenação e a confusão, a beleza e a feiura, e outros do mesmo gênero.

Todos os homens nascem ignorantes das causas das coisas e todos tendem a buscar o que lhes é útil, estando conscientes disso. Com efeito, disso se segue, em primeiro lugar, que, por estarem conscientes de suas volições e de seus apetites, os homens se creem livres, mas nem em sonho pensam nas causas que os dispõem a ter essas vontades e esses apetites, porque as ignoram. Segue-se, em segundo lugar, que os homens agem, em tudo, em função de um fim, quer dizer, em função da coisa útil que apetecem.

Como encontram, tanto em si mesmos, quanto fora de si, não poucos meios que muito contribuem para a consecução do que lhes é útil, como, por exemplo, os olhos para ver, os dentes para mastigar, os vegetais e os animais para alimentar-se, o sol para iluminar, o mar para fornecer-lhes peixes, etc., eles são, assim, levados a considerar todas as coisas naturais como se fossem meios para sua própria utilidade. E por saberem que simplesmente encontraram esses meios e que não foram eles que assim os dispuseram, encontraram razão para crer que deve existir alguém que dispôs esses meios para que eles os utilizassem. Tendo, pois, passado a considerar as coisas como meios, não podiam mais acreditar que elas tivessem sido feitas por seu próprio valor. Em vez disso, com base nos meios de que costumam dispor para seu próprio uso, foram levados a concluir que havia um ou mais governantes da natureza, dotados de uma liberdade humana, que tudo haviam providenciado para eles e para seu uso tinham feito todas as coisas. E, por nunca terem ouvido falar sobre a inclinação desses governantes, eles igualmente tiveram que julgá-la com base na sua, sustentando, como consequência, que os deuses governam todas as coisas em função do uso humano, para que os homens lhes fiquem subjugados e lhes prestem a máxima reverência. Como consequência, cada homem engendrou, com base em sua própria inclinação, diferentes maneiras de prestar culto a Deus, para que Deus o considere mais que aos outros e governe toda a natureza em proveito de seu cego desejo e de sua insaciável cobiça. Esse preconceito transformou-se, assim, em superstição e criou profundas raízes em suas mentes, fazendo com que cada um dedicasse o máximo de esforço para compreender e explicar as causas finais de todas as coisas. Mas, ao tentar demonstrar que a natureza nada faz em vão (isto é, não faz nada que não seja para o proveito humano), eles parecem ter demonstrado apenas que, tal como os homens, a natureza e os deuses também deliram.

Ao lado de tantas coisas agradáveis da natureza, devem ter encontrado não poucas que são desagradáveis, como as tempestades, os terremotos, as doenças, etc.. Argumentaram, por isso, que essas coisas ocorriam por causa da cólera dos deuses diante das ofensas que lhes tinham sido feitas pelos homens, ou diante das faltas cometidas nos cultos divinos. E embora, cotidianamente, a experiência contrariasse isso e mostrasse com infinitos exemplos que as coisas cômodas e as incômodas ocorrem igualmente, sem nenhuma distinção, aos piedosos e aos ímpios, nem por isso abandonaram o inveterado preconceito. Foi-lhes mais fácil, com efeito, colocar essas ocorrências na conta das coisas que desconheciam e cuja utilidade ignoravam, continuando, assim, em seu estado presente e inato de ignorância, do que destruir toda essa fabricação e pensar em algo novo. Deram, por isso, como certo que os juízos dos deuses superavam em muito a compreensão humana. 

A natureza não tem nenhum fim que lhe seja prefixado e todas as causas finais não passam de ficções humanas.

E como as coisas que podem ser imaginadas facilmente são mais agradáveis do que as outras, os homens preferem a ordenação à confusão, como se a ordenação fosse algo que, independentemente de nossa imaginação, existisse na natureza.

Cada um julga as coisas de acordo com a disposição de seu cérebro, ou melhor, toma as afecções de sua imaginação pelas próprias coisas.

Todas as noções que o vulgo costuma utilizar para explicar a natureza não passam de modos do imaginar e não indicam a natureza das coisas, mas apenas a constituição de sua própria imaginação.
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férias


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Relato de um passeio II

quem vi no parque shopping
não era um fantasma

mas fiquei assombrado
por não querer que ele fosse
do passado

- AR
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. Now that it's raining more than ever

Jack Vettriano, The Singing Butler, 1992

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WE TOLD YOU THIS WAS MELODRAMA

A notícia de que ela vivia alegre, quando eu chorava todas as noites,
produziu-me aquele efeito, acompanhado de um bater de coração tão violento,
que ainda agora cuido de ouvi-lo.
- Machado de Assis, Dom Casmurro

Can you hear the violence? Megaphone to my chest -
Broadcast the boom boom boom boom
- Lorde, The Louvre

Mas a saudade é isto mesmo;
é o passar e repassar das memórias antigas,
all the glamour and the trauma and the fucking melodrama
- Machado de Assis & Lorde

Bet you rue the day you kissed the writer in the dark -
Nem tudo é claro na vida.
- Lorde & Machado de Assis
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Bolor

jamais acreditei
que nas paredes do oco
pudesse haver mofo

jamais acreditei
que nos vácuos do meu ser
você pudesse novamente crescer

- AR
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Paráfrase
na ocasião da chegada do solstício de inverno de 2017

não podemos ser amigos simplesmente
tampouco ter coisas do amor
sei que tudo parece tão banal tão ressentimento
mas você
mesmo estranho em meu peito
estranho em minha alma
mesmo eu não desejando mais você
não há razão capaz de lhe extinguir
você é chuva de inverno
chuva forte
e vendaval

- AR
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Eu hoje

o dia todo, no frio
feriado
vendo Netflix

Arrangement in Grey and Black No. 1 - James McNeill Whistler, 1871

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Ultimamente, sem links

Playlist
Attention - Charlie Puth
HUMBLE. - Kendrick Lamar
Malibu - Miley Cyrus
First Time - Kygo & Ellie Goulding
Swalla - Jason Derulo
Bad Liar - Selena Gomez
The Cure - Lady Gaga
Swish Swish - Katy Perry
On My Mind - Disciples

Netflix
Iron Fist - primeira temporada
Sense8 - segunda temporada
Get Down - segunda temporada
The People x O. J. Simpson
Bloodline - terceira temporada
Grace and Frankie - terceira temporada
13 Reasons Why

Livros
Ética - Spinoza
Por favor cuide da mamãe - Kyung-Sook Shin
Manifesto do nada na terra do nunca - Lobão
Uma breve história do mundo - Geoffrey Blainey

Netflix, minha lista
Unbreakable Kimmy Schimdt - terceira temporada
Cara Gente Branca
Penny Dreadful - terceira temporada
War Machine
Master of None - segunda temporada
Twin Peaks
The Keepers

Perfumes
Invictus - Paco Rabanne
Emblem - Mont Blanc
Homme Cologne - Dior
The Beautiful Mind Series Vol-1 Inteligence & Fantasy - Geza Schoen

Amigos
Nenhum 
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I am slowly dying of survival
- Sense8, S02E06
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Andorinhas

onde estão vocês?
há tantos insetos decolados

alimentem-se

- AR
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falas de amor
e eu ouço tudo e calo

- augusto dos anjos
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I miss you more than I loved you


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Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro

- Augusto dos Anjos
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Eu hoje

entediada
mas decotada

Woman in an armchair, Pierre-Auguste Renoir, 1874

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Um toque apenas

preso
em uma bolha de sabão
meu verdadeiro eu
eternamente
espera
a explosão

- AR
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expressive writing

it has less to do with resolving past issues
and more to do with finding a way of regulating your own emotions
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